AEE 2013 Lucia Viana
terça-feira, 15 de julho de 2014
O modelo dos modelos
Diante da leitura, Ítalo em seu texto relata que Palomar inicialmente acreditava que por meio de modelos resolveria tudo e a partir de cada construção necessitaria de vários modelos e que esses podiam ser transformáveis. Lembrei-me de um texto que li há algum tempo, que se relaciona bem com o texto de Ítalo, onde o professor castra totalmente a criatividade do aluno, querendo que o mesmo seja simplesmente um copista.
O menino pintor
“Era uma vez um menininho bastante pequeno que contrastava com a escola bastante grande. Uma manhã, a professora disse: Hoje nós iremos fazer um desenho.
Que bom! - pensou o menininho. Ele gostava de desenhar leões, tigres, galinhas, vacas, trens e barcos... Pegou a sua caixa de lápis-de-cor e começou a desenhar. A professora então disse:
- Esperem, ainda não é hora de começar !
Ela esperou até que todos estivessem prontos. Agora, disse a professora, nós iremos desenhar flores. E o menininho começou a desenhar bonitas flores com seus lápis rosa, laranja e azul. A professora disse:
- Esperem ! Vou mostrar como fazer.
E a flor era vermelha com caule verde. Assim, disse a professora, agora vocês podem começar. O menininho olhou para a flor da professora, então olhou para a sua flor. Gostou mais da sua flor, mas não podia dizer isso... virou o papel e desenhou uma flor igual a da professora. Era vermelha com caule verde.
Num outro dia, quando o menininho estava em aula ao ar livre, a professora disse:
- Hoje nós iremos fazer alguma coisa com o barro.
Que bom !!!!. Pensou o menininho. Ele gostava de trabalhar com barro. Podia fazer com ele todos os tipos de coisas: elefantes, camundongos, carros e caminhões. Começou a juntar e amassar a sua bola de barro. Então, a professora disse:
- Esperem ! Não é hora de começar !
Ela esperou até que todos estivessem prontos. Agora, disse a professora, nós iremos fazer um prato. Que bom ! - pensou o menininho. Ele gostava de fazer pratos de todas as formas e tamanhos. A professora disse:
- Esperem ! Vou mostrar como se faz. Assim, agora vocês podem começar.
E o prato era um prato fundo. O menininho olhou para o prato da professora, olhou para o próprio prato e gostou mais do seu, mas ele não podia dizer isso. Amassou seu barro numa grande bola novamente e fez um prato fundo, igual ao da professora.
E muito cedo o menininho aprendeu a esperar e a olhar e a fazer as coisas exatamente como a professora. E muito cedo ele não fazia mais coisas por si próprio. Então aconteceu que o menininho teve que mudar de escola. Essa escola era ainda maior que a primeira. Um dia a professora disse:
- Hoje nós vamos fazer um desenho.
Que bom! - pensou o menininho e esperou que a professora dissesse o que fazer. Ela não disse. Apenas andava pela sala. Então veio até o menininho e disse:
- Você não quer desenhar ?
- Sim, e o que é que nós vamos fazer ?
- Eu não sei, até que você o faça.
- Como eu posso fazê-lo ?
- Da maneira que você gostar.
- E de que cor ?
- Se todo mundo fizer o mesmo desenho e usar as mesmas cores, como eu posso saber o desenho de cada um ?
- Eu não sei... E então o menininho começou a desenhar uma flor vermelha com o caule verde ...”
Devemos eliminar a padronização, a receita de bolo, adotar a criatividade, estimular e explorar desafios, valorizar o ser humano como ele é, tendo o direito de expressar-se da maneira que sabe e quer, partindo sempre da capacidade que cada um tem. Esse é o trabalho do AEE proporcionar ações para o pleno desenvolvimento das potencialidades dos alunos, valorizando o aluno e não enfatizando a sua deficiência.
quinta-feira, 5 de junho de 2014
Atividade com botões
1. Título da
atividade: Atividade com botões.
2. Público: para qualquer aluno inclusive os que apresentam
TEA.
3. Idade: de quatro (4) anos em diante.
4. Local de
utilização: sala de aula regular ou na SRM.
Jogo com Botões
Jogo com
botões é uma excelente atividade. Pode ser realizado em sala de aula com um
grupo todo, abordando as primeiras noções de matemática.
O que precisa para Jogo com Botões
Apenas precisa de botões de várias cores, com
tamanhos diferentes e com 2, 4 ou sem buracos. Também necessita de quatro
caixas de papelão (por exemplo, de sapatos).
Jogo com Botões
Ø O primeiro consiste em pedir à
criança (ou em pares) para colocar os botões por ordem crescente ou
decrescente, ou seja do pequeno para o maior e vice-versa, independentemente
das cores ou espessuras. Para tornar o jogo mais interessante pode ser tipo
competição, ganha a equipa mais rápida.
Ø O segundo jogo será o de
identificar formas. Misture todos os botões. Peça para cada grupo agrupar os
botões de acordo com os buracos: 2,4 ou nenhum. Mais uma vez ganha à equipe
mais rápida e a que acertou na separação dos botões.
O terceiro jogo utilizará as caixas de sapatos.
Peça para cada equipe separar os botões de acordo com o seguinte: caixa preta
(botões pretos, cinzentos e castanhos), caixa azul (botões azuis, verdes e
violeta), caixa vermelha ( botões vermelhos, cor-de-rosa, cor-de-laranja e
amarelos) e na caixa branca (botões brancos e transparentes). Este jogo ajuda a
classificar as cores e a identificar as cores quentes e frias, trabalha o
pinçar, faz com que o diálogo aconteça, trabalha também os conceitos grande e
pequeno e outros conceitos que o professor desejar, vai muito da criatividade
do professor. Outras estratégias ficam a critério do professor e também do que
deseja obter dos alunos, as intervenções também vão de acordo com cada necessita
e curiosidade de cada grupo ou de cada aluno.sábado, 19 de abril de 2014
SURDOCEGUEIRA
A surdocegueira é uma deficiência única em que o indivíduo apresenta ao mesmo tempo perda da visão e da audição. É considerado surdocego a pessoa que apresenta estas duas limitações, independente do grau das perdas auditiva e visual. A surdocegueira pode ser congênita ou adquirida e não é deficiência múltipla. Segundo o fascículo (AEE-DM), as pessoas surdocegas estão divididas em quatro categorias: pessoas que eram cegas e se tornaram surdas; que eram surdos e se tornaram cegos; pessoas que se tornaram surdocegos; pessoas que nasceram surdocegos, ou se tornaram surdocegos antes de terem aprendido alguma linguagem.
Surdocegueira congênita: quando a criança nasce surdocega ou
adquire a surdocegueira nos primeiros anos de vida antes da aquisição de uma
língua (português ou Libras – Língua Brasileira de Sinais). Um exemplo mais
freqüente destes casos é a criança com seqüelas da síndrome da rubéola
congênita.
Surdocegueira adquirida: quando a pessoa ficou surdocega
após a aquisição de uma língua, seja oral ou sinalizada. Os exemplos mais frequentes
deste grupo são pessoas com Síndrome de Usher.
Por
que a Surdocegueira não é uma Deficiência Múltipla
A pessoa que nasce com surdocegueira ou que fica
surdocega não recebe as informações sobre o que está sua volta de maneira
fidedigna, ela precisa da mediação de comunicação para poder receber,
interpretar e conhecer o que lhe cerca.
Seu conhecimento do mundo se faz pelo uso dos
canais sensoriais proximais como: tato, olfato, paladar, cinestésico,
proprioceptivo e vestibular.
Na deficiência Múltipla não
garantimos que todas as informações muitas vezes chegam para a pessoa de forma
fidedigna, mas ela sempre terá o apoio de um dos canais distantes (visão e ou
audição) como ponto de referência, esses dois canais são responsáveis pela
maioria do conhecimento que vamos adquirindo ao longo da vida.
O
QUE É DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA?
As pessoas com surdocegueira e com deficiência
múltipla, que não apresenta graves problemas motores, precisam aprender a usar
as duas mãos. Isso para servir como tentativa de diminuir as eventuais
estereotipias motoras e pela necessidade do uso de ambas para o desenvolvimento
de um sistema estruturado de comunicação.
Devido às dificuldades fonoarticulatórias, motoras
ou mesmo neurológicas, é comum nessas pessoas algum tipo de limitação na
comunicação e no processamento e elaboração das informações acolhidas do seu
entorno. Isso pode resultar em prejuízos no processo de simbolização das
experiências vividas, por acarretar carência de sentido para as mesmas.
Prioritariamente deve-se, portanto, disponibilizar
recursos para favorecer a aquisição da linguagem estruturada no registro
simbólico, tanto verbal quanto em outros registros, como o gestual, por
exemplo.
QUAIS
ESTRATÉGIAS QUE SÃO UTILIZADAS PARA AQUISIÇÃO DE COMUNICAÇÃO?
Dentre
as estratégias para criar, facilitar e desenvolver a comunicação não simbólica
se deve levar em conta:
Compensar a perda dos sentidos à
distância: A habilidade individual para
explorar encontra-se limitada pela perda sensorial. Para alcançar este fim,
podem ser estabelecidas estratégias com posições que impliquem o contato
corporal com os pares comunicativos, assim como, a manipulação do ambiente com
pequenos movimentos, o que implica ajudar a criança no reconhecimento de
pessoas familiares através da exploração tátil e visual.
Responder às tentativas de
comunicação: As crianças realizam tentativas
de comunicação através de formas muito simples, em alguns casos imperceptíveis,
como uma mudança na tensão muscular, um movimento dos olhos ou de uma mão;
estas tentativas devem ser respondidas. Assim mesmo, devemos prestar atenção às
condutas estereotipadas. Estas tentativas, se canalizadas, podem chegar a se
transformar em formas de comunicação não verbal intencional.
Consistência: as rotinas consistentes e estruturadas ajudam a
criança surdocego e multideficiente a antecipar os próximos eventos. As
interações devem ser consistentes, tanto nas rotinas como nas formas de
comunicação. Uma vez que tenham sido estabelecidas as rotinas, uma interrupção
na sua seqüência pode favorecer a interação comunicativa.
Proporcionando contingências: A contingência no conhecimento ou consciência de
que uma ação é importante para dar ênfase às relações entre os comportamentos e
seus efeitos. Uma criança tem sua conduta reforçada quando um resultado
desencadeado por esta conduta é positivo. Nestas circunstâncias, o estudante
deve estar munido de contingências para aprender que estas expressões têm
antecipações e elas podem ser desenvolvidas para exercer o controle sobre a
vizinhança.
Criando a necessidade de se
comunicar: Se nada positivo acontece como
resultado dos esforços comunicativos ou se todas as necessidades ou desejos do
estudante são proporcionados sem esforço ou pedido, devem ser criadas situações
onde a criança tenha que interagir para poder participar e obter a atividade
desejada.
Introduzindo um tempo de espera
nas respostas: Uma vez que a necessidade de se
comunicar tenha sido estabelecida, a criança requer um tempo para dar a sua
resposta. A criança surdocego e multideficiente precisa de mais tempo para
responder.
Estabelecer uma vizinhança
cooperativa social: Muitas crianças não são
consideradas pelos outros dentro do seu ambiente e isto diminui as
oportunidades para interagir. Estabelecer categorias individuais para o ensino
pode inadvertidamente diminuir a interação social e comunicacional. Devem ser
criadas situações que envolvam duas ou mais pessoas que implique uma
participação recíproca ou onde seja necessário cumprir turnos e mantê-los;
também deverão ser estabelecidos turnos com rotinas diárias, assim como, ter a
oportunidade de interagir com crianças menos limitadas ou que não tenham
limitações.
Incrementar as expectativas
comunicacionais: Incrementar a comunicação não
simbólica a partir de uma variedade de situações diárias, aumenta a
complexidade e diversidade da interação comunicacional. A comunicação simbólica
nem sempre tem que ser a meta. Muitas crianças surdocegos permanecem neste
nível comunicativo porque existe algum problema neurológico; talvez não o
superarão e nem desenvolverão as habilidades suficientes à nova etapa exigirá
delas. Intensificar e especializar as habilidades de comunicação não simbólica,
são esforços que tendem a obter maior controle sobre o seu meio. Uma estratégia
pode ser usar freqüentemente gestos naturais nas interações com crianças que
não usem sinais, dando maior ênfase às respostas através de diferentes ações,
gestos, sinais e vocalizações para criar uma maior comunicação intencional.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Educação.
Secretaria de Educação Especial. Educação Infantil Estratégia e orientações
pedagógicas para a educação de crianças com necessidades educacionais
especiais: Dificuldades Acentuadas de Aprendizagem. Deficiência Múltipla. Brasília:
MEC/SEESP,2002.
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